A SEREIA DE LENAU
Manuel Bandeira
Quando na grave solidão do Atlântico
Olhavas da amurada do navio
O mar já luminoso e já sombrio,
Lenau! Teu grande espírito romântico
Suspirava por ver dentro das ondas
Até o álveo profundo das areias,
A enxergar alvas formas de sereias
De braços nus e nádegas redondas.
Ilusão! Que sem cauda aqueles seres,
Deixando o ermo monótono das águas,
Andam em terra suscitando mágoas,
Misturadas às filhas das mulheres.
Nikolaus Lenau, poeta da amargura!Uma te amou, chamava-se Sofia.
E te levou pela melancolia
Ao oceano sem fundo da loucura.
Olhavas da amurada do navio
O mar já luminoso e já sombrio,
Lenau! Teu grande espírito romântico
Suspirava por ver dentro das ondas
Até o álveo profundo das areias,
A enxergar alvas formas de sereias
De braços nus e nádegas redondas.
Ilusão! Que sem cauda aqueles seres,
Deixando o ermo monótono das águas,
Andam em terra suscitando mágoas,
Misturadas às filhas das mulheres.
E te levou pela melancolia
Ao oceano sem fundo da loucura.
Manuel Bandeira
Nasce no dia 19 de Abril de 1886 em Recife, um poeta, crítico, professor de literatura e tradutor brasileiro: Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho.
Manuel é considerado parte da geração da literatura moderna brasileira, sendo o seu poema “Os sapos” o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Junto com escritores como João Cabral de Melo Neto e Paulo Freire, representa o que há de melhor na produção literária pernambucana. Parte de sua família era advogada (entre avós e tios).
Ele e sua família foram para o Rio de Janeiro, em função do trabalho do pai. Após terminar seu curso de humanidades, foi para São Paulo, fazer arquitetura, mas interrompeu por conta de uma tuberculose.
Para se tratar buscou repouso em Campos do Jordão. Com a ajuda do pai, reuniu as economias e foi para a Suíça, onde esteve no Sanatório de Cladavel.
Aos seus 87 anos de idade, na Paraíba, ele falece de hemorragia gástrica. Manuel Bandeira foi sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras.